segunda-feira, 2 de março de 2009

Eu quero mesmo é compor uma canção pra ela



É triste quando você quer muito fazer uma coisa e não consegue. Eu me deprimo quando percebo que eu não sou poeta. Por que, senhor? Logo eu que já li tantos poemas e escutei tantas canções. Na prosa eu até me saio bem, mas poesia jamais. Eu queria tanto ser capaz de escrever uma linda música de amor para ela. Mas é tão difícil. Penso em contar a nossa história com uma melodia suave e com um refrão bem ritmado, mas é impossível escrever estes versos.

Eu tentei, eu passei dois dias tentando. Passava a mão no violão e fazia alguns acordes. Depois arrancava uma folha de papel, empunhava uma caneta e começa a escrever. No inicio me pareciam idéias brilhantes, mas quando relia. Ái. Eram rimas que doíam mais que enfiar agulha em baixo da sua unha. Qual poeta em sã consciência rimaria Atrapalha com Virar a Cara? Nenhum. Mário Quintana deve ter se contorcido ao ouvir uma coisa destas.

Eu sei o que eu queria dizer em uma canção. Eu queria contar que quando a vi achei tão linda que quis odiá-la, mas no fundo eu tinha acabado de encontrar alguém capaz de dar a luz a Deus de tão perfeita. Eu queria que todos soubessem que o amor nasce de acasos (como disse Milan Kundera, ela vai entender isso) e que o nosso acaso veio de uma dose de pinga barata. Seria grato às rimas se convencesse todos de que o amor é realmente a única coisa que engrandece um homem, e que o que me engrandeceu foi o dela.

Falaria das várias coisas que aprendi com ela, como a ouvir Chico, ler livro de uma bicha louca (sem preconceito nenhum) como o Caio Fernando Abreu e ainda enxergar coisas belas nele. Mas o melhor de tudo é que ela não só fez de mim um cara mais cabeça como também me faz sentir remorso a cada vez que critico as pessoas. Eu não deixei de ser eu, apenas aprendi a ser eu sem rebaixar a tudo e a todos ao meu lado. Claro que não deixei de criticar os outros, mas sinto um remorso imenso quando o faço sem antes conhecer.

Acho que serei o cara mais feliz no dia que não tiver de escrever tanto para dizer uma simples coisa como essa. Por que não consigo ser como o Raul e gritar para todos que o que eu quero mesmo é rimar amor com dor? Na verdade gritar para todos o que eu quero eu consigo, não sou capaz mesmo é de fazer o que eu quero. Queria tanto ter o dom de escrever em quatro versos que o meu amor é maior do mundo, que as nossas noites são como oração na catedral, que eu quero mesmo é cantar iêiêiê, que gosto tanto dela que prefiro esconder, que quando penso nela eu fecho os olhos de saudade, que eu vou amá-la até o dia em que o céu parar a chuva e que todas as estrelas sejam de nós dois.

O amor é meu assunto favorito, posso falar disso por horas sem cansar. Mas quando será que conseguirei musicar o amor? Eu já escrevi canções que ficaram um lixo, e assim o destino delas foi o mesmo, a lixeira. Já até musiquei um poema alheio, mas só serei verdadeiramente completo no dia que escrever uma música. Mesmo que isso seja na véspera de minha morte, mas ela terá de resumir o que eu sinto pela garota que um dia me fez descobrir que poesia não é nada, realmente nada, além do velho e démodé amor.

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