Ânsia de vômito! Não sei se pela bebida em excesso, ou se pelo desgosto que desce como um fruto amargo goela abaixo.
Isso não deveria ser um primeiro parágrafo, mas será. Nem este deveria ser o segundo, mas permanecerá sendo. Não como ato de subversão à estética, mas como subversão à rebeldia. E não começarei um novo parágrafo. Este texto já começou sendo idiotamente imbecil. Pouco me importa, o que me importa agora é a dor. A dor é boa como uma coisa que deve ser gostosa. Gostosa como a dor que se sente no coração. A dor que se sente como se saísse do fundo de seu amor. O amor é algo amável. Afirmações que deveriam ser suposições. Frases que deveriam ter sentido.
Tudo dói. Meu olho dói, pedindo por uma lágrima que só saiu na hora que não precisava sair. Meu estômago revira como uma máquina de lavar na retro-lavagem. Minha mão já não sabe mais como agir. Meu cérebro já não sabe o que pensar. Se qualquer coisa que for pensada, já foi pensada, quem dirá as coisas feitas então.
Falei coisas sem falar a única coisa que me resta falar. O amor. Aguarde instantes enquanto vou ao banheiro forçar um vômito... Coisas lindas foram escritas em pensamento, enquanto eu jogava fora coisas que não deviam ter sido vomitadas. Coisas que se escritas, provocariam arrepios até em quem não tem pêlos para arrepiar. Coisas ridículas também foram desenhadas em meu imaginário.
Digito com meu dedo que há pouco arranhava minha garganta que deliciara um dia, um gosto que talvez jamais apreciarei novamente. Gosto que sinto saudade como nunca senti. Saudade que nunca senti nem do boneco que incendiei aos 13. Meu olho desperdiçou lágrimas. A confusão que penso é muito pior do que aquela que sinto, quando ela me pergunta em que eu penso. Ela nunca entenderia o que eu penso. Nem mesmo eu sei em que penso.
Saber é difícil. Sei sempre que não tenho conhecimento de nada que realmente tem valor. O que tem valor eu só soube quando vi um princípio de choro em um rosto que nunca vi chorar. Ver quem se quer sempre bem, esboçar um choro, já dói tanto quanto ver sua mãe – que você nunca faria chorar se soubesse o peso que têm essa lágrima – escorrer pelo rosto este líquido maldito.
Dói. Muito dói. Preferia que agora uma faca me atravessasse o ventre. Que me perfurasse o peito e me obrigasse a comer o próprio coração. São sensações que, se alguém que não existe quiser, nunca sentirás.
O vômito vem como que substituto da lágrima. Mas eu seguro, não sei se o choro ou a bile. Tudo gira. Por favor, não fale que conhece o mundo sem nunca ter sentido o mundo girar.
Viro o rosto. Vejo uma garrafa de pinga, vários livros, algumas fotos, roupas sujas. Vejo o lixo da humanidade, e escrevo isso só por achar que soaria bonito. Escrevo sentindo minha unha mal comida agarrar. Pra que, afinal? Não sei, quem sabe pra me libertar. Ficar livre de que, animal? Não sei, quem sabe da dor que tanto me dói.
Fico aos prantos ao som das lágrimas de quem não quer chorar. Escrevo coisa que acho lindas, achando horrorosas apenas por achar. E poéticas, essas coisas apenas me fazem lembrar ela, apenas ela.
As coisas que vivo, as coisas que tento não viver, tudo me remete a ela. Mas porque? (Quero que meu professor de português morra ao ver que escrevo os porques errados. Sem acento assim, igualmente parecido com os por ques que desejo para o fim).
Volto a olhar para o nada. Não vejo tudo, assim como vejo a borda de minha calça, já utilizada, suja do chão que desejara nunca ter pisado. Vejo que tudo é efêmero. Inclusive a palavra efêmero. Tão efêmera como esta, simplesmente não existe. Pretendo nunca mostrar isso pra ninguém, assim como desejo que vejam e chorem as lágrimas que não chorei pelo motivo que realmente queria.
Lembro dela quando queria lembrar de mim. Lembro da minha felicidade, proporcionada por ela, como deveria rever uma pessoa que tanto me quis. Penso que ela já não me deseja na mesma proporção que desejo que ela sinta a felicidade que não existe. Paro de escrever quando deveria começar a escrever sobre alguém que, definitivamente – falo isso com a convicção de alguém que mata por desejo de matar – sabe como me fazer sorrir. Fim.
Linda palavra afinal. (É agora que volto a pensar, muito pensar, quase desfalecer, e concluo que não pode haver um final aqui)
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
Amor, intelecto-amor
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Acho que outro cara escreveu a respota pro seu texto...
ResponderExcluirVocê nunca varou A Duvivier às cinco
Nem levou um susto
Saindo do Val Improviso
Era quase meio-dia
Do lado escuro da vida
Nunca viu Lou Reed
Walkin' on the wild side
Nem Melodia transvirado
Rezando pelo Estácio
Nunca viu Allen Ginsberg
Pagando um michê na Alaska
Nem Rimbaud pelas tantas
Negociando escravas brancas
Você nunca ouviu falar em maldição
Nunca viu um milagre
Nunca chorou sozinha dentro de um banheiro sujo
Nem quis ver a face de Deus
Eu já frequentei grandes festas
Nos endereços mais quentes
Tomei champanhe e cicuta
Ouvindo comentários inteligentes
Mais triste do que de uma puta
No Barbarela às 15 pras 7
Já reparou como os velhos
Vão perdendo a esperança
Com seus bichinhos de estimação e plantas
Eles já viveram tudo
E sabem que a vida é bela
Já reparou na inocência cruel das criancinhas
Com seus comentários desconcertantes
Elas adivinham tudo
E sabem que a vida é bela
Você nunca sonhou
Em ser currada por animais
Nem transou com cadáveres
Nunca traiu o teu melhor amigo
Nem quis comer a sua mãe
Só as mães sãos felizes
Porque nos dão a vida
Só as mães são felizes
Porque podem nos dar a vida
Você nunca ouviu falar em maldição
Nunca viu um milagre
Nunca chorou sozinha dentro de um banheiro sujo
Nem quis ver a face de Deus
Só as mães são felizes
http://faelmars.blogspot.com/
tão bêbado, mas tão lindo! hohoho
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