sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Foi-se embora

Me encontro em  processo de adaptação a nova vida. Tenho uma cabeça cheia de contradições e idéias piradas. Ando precisando de uma companhia, de preferência que goste de viajar na maionese e pensar, pensar muito. Pensar até desistir, e que de preferência quando desista resolva beber pra então pensar mais um pouco, dessa vez embriagado, para poder ver tudo com outros olhos, com os olhos dos bêbados.

Preciso de amigos, preciso de muitos amigos. Não que eu queira ser popular, apenas quero poder sempre contar com alguém pra fazer qualquer coisa. Ter companhia tanto num churrasco regado a vodka quanto num cinema deliciando um Delrey citrus acompanhado de milho-pan. Preciso de amor, de carinho, e de todas essas coisas clichês que todo mundo já está cansado de precisar.

Preciso do máximo de liberdade, liberdade pra tudo. Quero poder sair um dia sozinho, desaparecer e todo mundo achar estranho, porém sem me encher o saco. Preciso também de alguém que goste de ler essas baboseiras que eu escrevo. Me sinto cansado de escrever e não ter nenhum leitor. Como posso dar uma de Machado de Assis e dialogar com o leitor se eu nem sequer tenho um?

Preciso de tudo, o tanto que eu tenho não é nem nunca será o suficiente, quero sempre mais. E não me refiro aos bens materiais, porque isso eu tenho além do necessário e já nem quero tê-los. Eu quero o que não se pode ter, eu quero a liberdade, como já disse antes. Quero saber como é a morte, quero saber qual é o gosto de todas as mulheres, quero saber a sensação de todas as coisas inventadas pelo homem e por Deus. Eu quero sentir, sentir o máximo, porque nessa vida onde tudo são sensações, se você não sente, não vive.
 Quero sentir o cheiro do mar, acompanhado do som do violão, do gosto do vinho e da visão da lua cheia.

Eu quero viver, e viver é tão difícil. O tempo não nos permite fazer tudo o que queremos, e por essa ânsia de realizar todos nossos desejos no curto espaço da vida, acabamos muitas vezes ferindo e atrapalhando os planos alheios. Passarei a pensar sempre nas minhas atitudes. Arrependimento é umas das únicas sensações tão ruins quanto a pena.

Em síntese, eu preciso recuperar o que perdi. Mas é tão difícil. Todos estão mudando e crescendo. Será que um dia poderei voltar a ser apenas um adolescente que não liga pra nada? Ou será que realmente, como todo velho diz, a juventude é uma só e nunca mais o tempo voltará? Que triste será se eu nunca mais voltar a ter tudo que tive um dia em minhas mãos e nem sequer dei o valor que o momento realmente merecia. E como merecia...


(texto escrito em dezembro de 2007)

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